sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

A VOZ DO SILÊNCIO

O silêncio na hora certa vale ouro.
Ele pode falar mais que mil palavras, dar mil conselhos e evitar uma situação constrangedora.
Temos o hábito de falar demais e nos esquecemos que não há retorno para o que foi dito.

Muitas vezes quando não falamos acabamos dizendo muito.

Quando há atrito entre duas ou mais pessoas e elas não conseguem se conter, acabam por dizer coisas que, de maneira refletida, não diriam.
Uma discussão é como uma fogueira e as palavras são o vento que aviva a brasa;
quando mais se fala, mais a brasa arde;
quanto mais as pessoas dizem nessa situação, menos refletem e acabam por alterar a voz, de maneira que no fim das contas o que se ouve são gritos.

Quantas e quantas pessoas não estragam uma relação só por que não souberam a hora certa de falar e a de calar!
Quantos desentendimentos por que, querendo se comunicar, acabaram simplesmente cortando a comunicação com palavras vazias e irrefletidas!

Quando falamos rápido demais, corremos o risco de dizer o que não diríamos se tivéssemos pensado duas vezes.
Magoamos assim as pessoas e nos magoamos.
O arrependimento que vem em seguida não apaga as palavras, não corrige os erros e deveria nos servir de lição... o que nem sempre acontece!

Poderíamos aprender a contar até 10 ou mesmo 100 antes de responder bruscamente a algo que nos afetou.
A resposta não será certamente a mesma depois de passado um tempo.
Mas para as pessoas que não conseguem se conter numa discussão, o melhor é o afastamento temporário.

É muito melhor pensar sem falar que falar sem pensar.

Uma boa noite de sono pode ser excelente para acalmar a chama.
Costuma-se dizer que a noite dá conselhos.
Penso que, sobretudo, ela nos dá a oportunidade de, sozinhos, colocar em ordem nossa cabeça.

Pensar duas vezes antes de falar, sim.
Mesmo três ou dez se necessário.
Ficar em silêncio quando a melhor resposta é o silêncio é dar ao outro a chance de pensar um pouco sobre a situação.
Em muitas brigas onde as palavras correm como as águas do rio, freqüentemente chegam a discussão coisas que nem deveriam estar lá.
Vai-se desenterrando o passado com palavras e lembranças e isso ao invés de ajudar o presente, só piora.

Às vezes a melhor resposta é o silêncio, desde que não seja prolongado o bastante para cortar a comunicação.
Ficar dias sem falar com uma pessoa só porque esta está em desacordo com nossa opinião é imaturo.
Uma noite é e deve ser suficiente para que duas pessoas possam se olhar de frente e conversar como adultos.

Isso faz parte da maturidade.
Pessoas maduras chegam na hora certa e partem na hora certa nos encontros marcados da vida.
Dizem o que deve ser dito e ouvem caladas.
Pensam seriamente no que o outro diz sem ficar obstinadas com as próprias idéias.
Elas se comunicam, dão e recebem.
Crescem em sabedoria e contribuem para que o mundo seja um lugar mais agradável de se estar.



(Letícia Thompson)

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