quinta-feira, 5 de maio de 2011

MÃE DESNECESSÁRIA...


Dia Das Mães


A boa mãe é aquela que vai se tornando desnecessária com o
passar do tempo.

Várias vezes ouvi de um amigo psicanalista essa frase
e ela sempre me soou estranha. Até agora.



Agora que minha filha
adolescente, aos quase 18 anos, começa a dar vôos-solo.


Chegou a hora de reprimir de vez o impulso natural
de querer colocar a cria embaixo da asa, protegida de todos os erros,
tristezas e perigos.


Uma batalha hercúlea, confesso. Quando começo a esmorecer na luta para
controlar a super-mãe que todas temos dentro de nós, lembro logo da
frase, hoje absolutamente clara.


Se eu fiz o meu trabalho direito, tenho que me tornar desnecessária.

Antes que alguma mãe apressada venha me acusar de desamor,
preciso explicar o que significa isso.


Ser 'desnecessária' é não deixar que o amor incondicional de mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência nos filhos, como uma droga, a ponto de eles não conseguirem ser autônomos, confiantes e independentes.


Prontos para traçar seu rumo, fazer suas escolhas, superar suas frustrações e
cometer os próprios erros também.



A cada fase da vida, vamos cortando
e refazendo o cordão umbilical. A cada nova fase, uma nova perda é um
novo ganho, para os dois lados, mãe e filho. Porque o amor é um
processo de libertação permanente e esse vínculo não pára de se
transformar ao longo da vida.

Até o dia em que os filhos se tornam adultos, constituem a
própria família e recomeçam o ciclo.



O que eles precisam é ter certeza
de que estamos lá, firmes, na concordância ou na divergência, no
sucesso ou no fracasso, com o peito aberto para o aconchego, o abraço
apertado, o conforto nas horas difíceis.

Pai e mãe - solidários - criam filhos para serem livres.


Esse é o maior desafio e a principal missão.


Ao aprendermos a ser 'desnecessários', nos transformamos em porto seguro para quando eles decidirem atracar.

(Márcia Neder)

Nenhum comentário: