quinta-feira, 19 de maio de 2011

A MARIONETE DE TRAPO...


Se, por um instante, Deus se esquecesse de que sou uma marionete de trapo e me presenteasse com um pedaço de vida, possivelmente não diria tudo o que penso, mas, certamente, pensaria tudo o que digo.


Daria valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam.


Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei que a cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz.


Andaria quando os demais parassem, acordaria quando os outros dormem.


Escutaria quando os outros falassem e gozaria um bom sorvete de chocolate.


Se Deus me presenteasse com um pedaço de vida,

vestiria simplesmente, me jogaria de bruços no solo, deixando a descoberto

não apenas meu corpo, como minha alma.


Deus meu, se eu tivesse um coração, escreveria meu ódio sobre o gelo e esperaria que o sol saísse.


Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre estrelas

um poema de Mario Benedetti

e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à Lua.


Regaria as rosas com minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos e o encarnado beijo de suas pétalas.

Deus meu, se eu tivesse um pedaço de vida,

não deixaria passar um só dia sem dizer às gentes

– te amo, te amo.


Convenceria cada mulher e cada homem que são os meus favoritos

e viveria enamorado do amor.

Aos homens, lhes provaria como estão enganados ao pensar que deixam

de se apaixonar quando envelhecem,

sem saber que envelhecem quando deixam de se apaixonar.


A uma criança, lhe daria asas, mas deixaria que aprendesse a voar sozinha.


Aos velhos ensinaria que a morte não chega com a velhice,

mas com o esquecimento.


Tantas coisas aprendi com vocês, os homens...

Aprendi que todo mundo quer viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a escarpa.


Aprendi que quando um recém-nascido aperta com sua pequena mão pela primeira vez o dedo de seu pai,

o tem prisioneiro para sempre.


Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se.

São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas, finalmente,

não poderão servir muito porque quando me olharem dentro dessa maleta, infelizmente estarei morrendo.


(Johnny Welch)

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